SEGUNDA FASE DO MODERNISMO NO BRASIL - POESIA
eXERCÍCIOS
1. (PUCC-SP) O verso completo de Manuel Bandeira –
"Tenho o fogo de constelações extintas há milênios" – traduz a
capacidade que tem um poeta de mergulhar no tempo lírico que ele próprio
organiza – capacidade que também está afirmada nos seguintes versos de Murilo
Mendes:
(A)
"A baía de Guanabara, diferente das outras baías,
é ca- [marada,
recebe na sala de visita todos os
navios
[do
mundo
e não fecha a cara."
(B)
"Qualquer dia dou um grito,
Mando às favas Portugal,
Toda a corte de Bragança."
(C) "O meu namoro no ponto mais complicado da praia
é um pretexto para vir no jornal,
seção de atropelamentos."
(D)
"Ninguém moverá para mim
A máquina do sonho e da noite.
Eu a moverei."
(E)
"Beber
Beber um grande copo de tuas lágrimas
Até cair no chão."
GABARITO:B
2.(PUC-PR) Na seguinte
narrativa curta de Mário Quintana, podemos observar alguma características da
obra do escritor:
História
“Era
um desrecalcado, pensavam todos. Pois já assassinara uma bem-amada, um crítico
e um amigo. Mas nunca mais encontrou amada, nem crítico, nem amigo. Ninguém
mais que lhe mentisse, ninguém mais que o incompreendesse, nem nunca mais um
inimigo íntimo...
E
vai daí ele se enforcou.”
Selecione a alternativa
que melhor descreve as características da obra de Mário Quintana:
(A) A destruição
indiscriminada, cega e desumana do mundo circundante.
(B) Individualismo
autêntico e generoso, mas carregado de crítica social.
(C) Desconfiança diante
das convenções sociais estabelecidas.
(D) Visão desencantada,
irônica e crítica da humanidade, materializada pela força da palavra poética.
(E) Nostalgia e saudade
dos objetos antigos e do passado.
GABARITO:D
3. (UFSM 2014) Observe as
seguintes estrofes do poema “Coração numeroso”, de Carlos Drummond de
Andrade:
"Mas tremia na cidade uma fascinação
casas compridas
autos abertos correndo caminho do mar
voluptuosidade errante do calor
mil presentes da vida aos homens
indiferentes,
que meu coração bateu forte, meus olhos
inúteis choraram.
O mar batia em meu peito, já não batia no
cais.
A rua acabou, quede as árvores? a cidade sou
eu
a cidade sou eu
sou eu a cidade
meu amor."
Nos versos citados, a
relação entre o eu lírico e o seu entorno é estreita – o que é confirmado
pelas expressões sublinhadas. A partir de tais observações, pode-se afirmar
que a aproximação estabelecida entre o sujeito e a cidade conota:
(A)
a comoção do sujeito poético, cuja sensibilidade é despertada pela vitalidade
que movimenta a urbe.
(B) a desumanização do
sujeito poético, cujo cotidiano frenético repete o ritmo do espaço urbano.
(C) a soberba do eu
lírico, que se supõe tão grandioso e fascinante quanto a cidade.
(D) a degradação do
sujeito lírico que, assim como a cidade, está “doente” por não receber a atenção
das pessoas.
(E) a apatia do eu lírico
que, assim como a cidade, segue o seu rumo, imune ao caos urbano.
GABARITO: A - O
poema ―Coração numeroso‖ coloca em relevo o lado positivo da cidade, que
influencia o eu lírico e o faz despertar da apatia em que se encontrava, a
ponto de se mimetizar com ela: ―a cidade sou eu/a cidade sou eu/sou eu a
cidade/meu amor‖.
4. (PUCRS 2014) Leia o
excerto do poema “Nosso tempo”, de Carlos Drummond de Andrade, publicado
na obra A rosa do povo, em 1945.
I
Esse é tempo de partido,
tempo de homens partidos.
Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se
na pedra.
Visito os fatos, não te encontro.
Onde te ocultas, precária síntese,
penhor de meu sono, luz
dormindo acesa na varanda?
Miúdas certezas de empréstimo, nenhum beijo
sobe ao ombro para contar-me
a cidade dos homens completos.
Calo-me, espero, decifro.
As coisas talvez melhorem.
São tão fortes as coisas!
Mas eu não sou as coisas e me revolto.
Tenho palavras em mim buscando canal,
são roucas e duras,
irritadas, enérgicas,
comprimidas há tanto tempo,
perderam o sentido, apenas querem explodir.
[...]"
Todas as afirmativas estão
corretamente associadas ao poema e seu contexto, EXCETO:
(A) É perceptível, a
partir da análise das imagens do poema, a influência de um tempo de
guerra.
(B) A forma fragmentada,
com versos livres e esquema irregular de rimas, espelha imagens de um
homem igualmente dilacerado, em crise.
(C) Ainda que viva em um
mundo em crise, o eu lírico não se indaga sobre a sua condição neste
mundo, o que confere a esse sujeito um caráter de alienação frente ao
tempo no qual está inserido.
(D) O verso Os homens
pedem carne. Fogo. Sapatos traz uma ambiguidade marcante: ao mesmo tempo
em que apresenta imagens que residem num plano concreto, do cotidiano, também
aponta para o campo metafórico, da batalha.
(E) A necessidade do
levante do eu lírico se materializa, na última estrofe, numa imagem
bélica: a explosão.
GABARITO: C
TEXTO PARA A PRÓXIMA
QUESTÃO:
Leia o poema Legado, de
Carlos Drummond de Andrade, abaixo.
"Que lembrança darei ao país que me deu
tudo que lembro e sei, tudo quanto senti?
Na noite do sem-fim, breve o tempo esqueceu
minha incerta medalha, e a meu nome se ri.
E mereço esperar mais do que os outros, eu?
Tu não me enganas, mundo, e não te engano a
ti.
Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu,
a vagar, taciturno, entre o talvez e o se.
Não deixarei de mim nenhum canto radioso,
uma voz matinal palpitando na bruma
e que arranque de alguém seu mais secreto
espinho.
De tudo quanto foi meu passo caprichoso
na vida, restará, pois o resto se esfuma,
uma pedra que havia em meio do caminho."
5. (UFRGS 2014) Considere
as seguintes afirmações sobre o poema.
I. No primeiro quarteto, o
poeta pergunta pelo legado que deixará para o país a que deve tudo o que
lhe é caro; no segundo quarteto, há uma invocação um tanto irônica do mundo,
não se trata mais apenas do país: há uma ampliação da referência que
atravessaria os limites geográficos para lidar com o mundo/realidade.
II. A forma soneto e a
referência a Orfeu, o mitológico poeta grego capaz de encantar a todos com
o som da sua lira, revelam que o modernismo de Drummond agora se associa
com o parnasianismo, o que permite ao poeta reivindicar uma posição fixa
na tradição, em contraste com Orfeu, perplexo entre o talvez e o se.
III. No último terceto, o
poeta alega que, da sua trajetória um tanto instável, restará uma pedra
que havia em meio do caminho, o que equivale a uma paráfrase, agora em registro
formal e sério, dos versos do célebre poema do início de sua carreira
modernista: No meio do caminho tinha uma pedra/ tinha uma pedra no meio do
caminho (...)."
Quais estão corretas?
(A) Apenas II.
B) Apenas III.
C) Apenas I e II.
D) Apenas I e III.
E) I, II e III.
GABARITO: D
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 4
QUESTÕES:
Igual-Desigual
Eu desconfiava:
todas as histórias em quadrinho são iguais.
Todos os filmes norte-americanos são iguais.
Todos os filmes de todos os países são iguais.
Todos os best-sellers são iguais
Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol
são iguais.
Todos os partidos políticos
são iguais.
Todas as mulheres que andam na moda
são iguais.
Todas as experiências de sexo
são iguais.
Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas e rondós são
iguais
1
e todos, todos
2
os poemas em verso livre são enfadonhamente iguais.
Todas as guerras do mundo são iguais.
Todas as fomes são iguais.
3
Todos os amores, iguais iguais iguais.
Iguais todos os rompimentos.
A morte é igualíssima.
Todas as criações da natureza são iguais.
Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.
Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem,
bicho ou coisa.
Ninguém é igual a ninguém.
4
Todo ser humano é um estranho
5
ímpar."
CARLOS
DRUMMOND DE ANDRADE Nova reunião: 19 livros de poesia. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1985.
– best-sellers – livros
mais vendidos
– gazéis, virelais,
sextinas, rondós – tipos de poema
6. (UERJ 2013) O poema de
Carlos Drummond de Andrade se caracteriza por uma repetição considerada
estilística, porque é claramente feita para produzir um sentido. Pode-se
dizer que a repetição da expressão são iguais é empregada para reforçar o
sentido de:
(A) afirmação da igualdade
no mundo de hoje
(B) subversão da igualdade
pelo raciocínio lógico
(C) valorização da
igualdade das experiências vividas
(D) constatação da
igualdade entre fenômenos diversos
(E) desvalorização da
igualdade das experiências vividas.
GABARITO: D
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