quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Segunda Fase do Modernismo no Brasil - Poesia/ Exercícios


SEGUNDA FASE DO MODERNISMO NO BRASIL - POESIA
eXERCÍCIOS

1. (PUCC-SP)  O verso completo de Manuel Bandeira – "Tenho o fogo de constelações extintas há milênios" – traduz a capacidade que tem um poeta de mergulhar no tempo lírico que ele próprio organiza – capacidade que também está afirmada nos seguintes versos de Murilo Mendes:
(A) "A baía de Guanabara, diferente das outras baías,
                                                              é ca- [marada, 
      recebe na sala de visita todos os navios 
                                                                   [do mundo
      e não fecha a cara."
(B) "Qualquer dia dou um grito,
      Mando às favas Portugal,
      Toda a corte de Bragança."
(C) "O meu namoro no ponto mais complicado da praia
      é um pretexto para vir no jornal,
      seção de atropelamentos."
(D) "Ninguém moverá para mim
      A máquina do sonho e da noite.
      Eu a moverei."
(E) "Beber
       Beber um grande copo de tuas lágrimas
      Até cair no chão."
GABARITO:B

2.(PUC-PR) Na seguinte narrativa curta de Mário Quintana, podemos observar alguma características da obra do escritor:
História
“Era um desrecalcado, pensavam todos. Pois já assassinara uma bem-amada, um crítico e um amigo. Mas nunca mais encontrou amada, nem crítico, nem amigo. Ninguém mais que lhe mentisse, ninguém mais que o incompreendesse, nem nunca mais um inimigo íntimo...
E vai daí ele se enforcou.”

Selecione a alternativa que melhor descreve as características da obra de Mário Quintana:
(A) A destruição indiscriminada, cega e desumana do mundo circundante.
(B) Individualismo autêntico e generoso, mas carregado de crítica social.
(C) Desconfiança diante das convenções sociais estabelecidas.
(D) Visão desencantada, irônica e crítica da humanidade, materializada pela força da palavra         poética.
(E) Nostalgia e saudade dos objetos antigos e do passado.
GABARITO:D

3. (UFSM 2014) Observe as seguintes estrofes do poema “Coração numeroso”, de Carlos Drummond de Andrade:

"Mas tremia na cidade uma fascinação casas compridas
autos abertos correndo caminho do mar
voluptuosidade errante do calor
mil presentes da vida aos homens indiferentes,
que meu coração bateu forte, meus olhos inúteis choraram.
O mar batia em meu peito, já não batia no cais.
A rua acabou, quede as árvores? a cidade sou eu
a cidade sou eu
sou eu a cidade
meu amor."

Nos versos citados, a relação entre o eu lírico e o seu entorno é estreita – o que é confirmado pelas expressões sublinhadas. A partir de tais observações, pode-se afirmar que a aproximação estabelecida entre o sujeito e a cidade conota:
(A) a comoção do sujeito poético, cuja sensibilidade é despertada pela vitalidade que movimenta   a urbe.
(B) a desumanização do sujeito poético, cujo cotidiano frenético repete o ritmo do espaço urbano.
(C) a soberba do eu lírico, que se supõe tão grandioso e fascinante quanto a cidade.
(D) a degradação do sujeito lírico que, assim como a cidade, está “doente” por não receber a atenção das pessoas.
(E) a apatia do eu lírico que, assim como a cidade, segue o seu rumo, imune ao caos urbano. 

GABARITO: A - O poema ―Coração numeroso‖ coloca em relevo o lado positivo da cidade, que influencia o eu lírico e o faz despertar da apatia em que se encontrava, a ponto de se mimetizar com ela: ―a cidade sou eu/a cidade sou eu/sou eu a cidade/meu amor‖.

4. (PUCRS 2014) Leia o excerto do poema “Nosso tempo”, de Carlos Drummond de Andrade, publicado na obra A rosa do povo, em 1945.
I
Esse é tempo de partido,
tempo de homens partidos.
Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se
na pedra.
Visito os fatos, não te encontro.
Onde te ocultas, precária síntese,
penhor de meu sono, luz
dormindo acesa na varanda?
Miúdas certezas de empréstimo, nenhum beijo
sobe ao ombro para contar-me
a cidade dos homens completos.
Calo-me, espero, decifro.
As coisas talvez melhorem.
São tão fortes as coisas!
Mas eu não sou as coisas e me revolto.
Tenho palavras em mim buscando canal,
são roucas e duras,
irritadas, enérgicas,
comprimidas há tanto tempo,
perderam o sentido, apenas querem explodir. [...]"

Todas as afirmativas estão corretamente associadas ao poema e seu contexto, EXCETO:
(A) É perceptível, a partir da análise das imagens do poema, a influência de um tempo de guerra.
(B) A forma fragmentada, com versos livres e esquema irregular de rimas, espelha imagens de um homem igualmente dilacerado, em crise.
(C) Ainda que viva em um mundo em crise, o eu lírico não se indaga sobre a sua condição neste mundo, o que confere a esse sujeito um caráter de alienação frente ao tempo no qual está inserido.
(D) O verso Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos traz uma ambiguidade marcante: ao mesmo tempo em que apresenta imagens que residem num plano concreto, do cotidiano, também aponta para o campo metafórico, da batalha.

(E) A necessidade do levante do eu lírico se materializa, na última estrofe, numa imagem bélica: a explosão. 
GABARITO: C

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o poema Legado, de Carlos Drummond de Andrade, abaixo.

"Que lembrança darei ao país que me deu
tudo que lembro e sei, tudo quanto senti?
Na noite do sem-fim, breve o tempo esqueceu
minha incerta medalha, e a meu nome se ri.
E mereço esperar mais do que os outros, eu?
Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.
Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu,
a vagar, taciturno, entre o talvez e o se.
Não deixarei de mim nenhum canto radioso,
uma voz matinal palpitando na bruma
e que arranque de alguém seu mais secreto espinho.
De tudo quanto foi meu passo caprichoso
na vida, restará, pois o resto se esfuma,
uma pedra que havia em meio do caminho."

5. (UFRGS 2014) Considere as seguintes afirmações sobre o poema.
I. No primeiro quarteto, o poeta pergunta pelo legado que deixará para o país a que deve tudo o que lhe é caro; no segundo quarteto, há uma invocação um tanto irônica do mundo, não se trata mais apenas do país: há uma ampliação da referência que atravessaria os limites geográficos para lidar com o mundo/realidade.
II. A forma soneto e a referência a Orfeu, o mitológico poeta grego capaz de encantar a todos com o som da sua lira, revelam que o modernismo de Drummond agora se associa com o parnasianismo, o que permite ao poeta reivindicar uma posição fixa na tradição, em contraste com Orfeu, perplexo entre o talvez e o se.
III. No último terceto, o poeta alega que, da sua trajetória um tanto instável, restará uma pedra que havia em meio do caminho, o que equivale a uma paráfrase, agora em registro formal e sério, dos versos do célebre poema do início de sua carreira modernista: No meio do caminho tinha uma pedra/ tinha uma pedra no meio do caminho (...)."

Quais estão corretas?
(A) Apenas II.
B) Apenas III.
C) Apenas I e II.
D) Apenas I e III.
E) I, II e III. 
GABARITO: D

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 4 QUESTÕES:
Igual-Desigual
Eu desconfiava:
todas as histórias em quadrinho são iguais.
Todos os filmes norte-americanos são iguais.
Todos os filmes de todos os países são iguais.
Todos os best-sellers são iguais
Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol
são iguais.
Todos os partidos políticos
são iguais.
Todas as mulheres que andam na moda
são iguais.
Todas as experiências de sexo
são iguais.
Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas e rondós são
iguais
1
e todos, todos
2
os poemas em verso livre são enfadonhamente iguais.
Todas as guerras do mundo são iguais.
Todas as fomes são iguais.
3
Todos os amores, iguais iguais iguais.
Iguais todos os rompimentos.
A morte é igualíssima.
Todas as criações da natureza são iguais.
Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.
Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem,
bicho ou coisa.
Ninguém é igual a ninguém.
4
Todo ser humano é um estranho
5
ímpar."
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE Nova reunião: 19 livros de poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985.
– best-sellers – livros mais vendidos
– gazéis, virelais, sextinas, rondós – tipos de poema

6. (UERJ 2013) O poema de Carlos Drummond de Andrade se caracteriza por uma repetição considerada estilística, porque é claramente feita para produzir um sentido. Pode-se dizer que a repetição da expressão são iguais é empregada para reforçar o sentido de:
(A) afirmação da igualdade no mundo de hoje
(B) subversão da igualdade pelo raciocínio lógico
(C) valorização da igualdade das experiências vividas
(D) constatação da igualdade entre fenômenos diversos
(E) desvalorização da igualdade das experiências vividas. 
GABARITO: D


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