domingo, 18 de dezembro de 2016

DOM CASMURRO - MACHADO DE ASSIS- EXERCÍCIOS


EXERCÍCIOS

      1. (FUVEST / GV) O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui.
É o que diz o narrador no segundo capítulo do romance Dom Casmurro. Afinal por que não teria ele alcançado o seu intento?

(A) Pelas dificuldades inerentes à estrutura do romance, na recuperação de outros tempos.
(B) Pelo receio de confessar suas fraquezas e a traição sofrida.
(C) Porque era impossível recuperar o sentido daquele período, pois ele já não era a mesma pessoa.
(D) Pela falta de bom senso e de clareza na apreensão das lembranças.
(E) Porque o tempo, impiedoso, apaga todos os acontecimentos e transforma as pessoas.


2. (UFL) Todas as alternativas apresentam informações sobre Dom Casmurro, de Machado de Assis, exceto:

(A) A questão do adultério, tratada de forma ambígua pelo autor, permanece em aberto no fim da narrativa.
(B) O narrador, através do exercício da memória, busca ligar o presente ao passado, a velhice à adolescência.
(C) O narrador protagonista, ao assumir a primeira pessoa, apresenta uma visão tendenciosa dos acontecimentos.
(D) O autor, introduzindo-se na narrativa, fornece ao leitor informações que contradizem as opiniões do narrador.
(E) A narrativa, marcada pela ironia, mantém uma relação intersexual com a tragédia Otelo, de Shakespeare.


3. (UFU-MG) Considere a obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, e as afirmativas que se seguem:

I. Da Glória tentava impedir o casamento de Bentinho com Capitu, pois desejava que ele se unisse a Sancha.
II. Bento Santiago não teve problemas em homenagear o amigo Escobar, por ocasião de seu enterro, pois era seu melhor amigo.
III. A cena descrita no velório de Escobar (homens e mulheres chorando) é uma característica do Romantismo presente em todo o Dom Casmurro — obra que tem como tema os infelizes amores de Bentinho e Capitu.
IV. “Olhos de ressaca” — referência dada a Capitu — evidencia o seu poder de envolvimento e o grande fascínio que ela exerce sobre Bentinho, tal qual as vagas do mar.
V. Apesar da suspeita de adultério, o amor consegue superar a desconfiança fazendo com que Bentinho se reconcilie com a família de Capitu.

Assinale:

(A) Se apenas IV é correta.
(B) Se apenas I, II são corretas.
(C) Se apenas III e V são corretas.
(D) Se apenas V é correta.
(E) Nenhuma delas é correta.


4. (PUCCAMP-SP) O trecho abaixo é parte do último capítulo de Dom Casmurro, de Machado de Assis:

O resto é saber se a Capitu da Praia da Glória já estava dentro da de Mata-cavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de Sirach, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu cap. IX, vers. I: “Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti”. Mas eu creio que não, e tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca.

Invocando aqui a memória e o testemunho do leitor de sua história, o narrador arremata a narrativa:

(A) lembrando que os ciúmes de Bentinho por Capitu poderiam perfeitamente ser injustificáveis.
(B) concluindo que a única explicação para a traição de Capitu é a força caprichosa de circunstâncias acidentais.
(C) citando uma passagem da Bíblia, à luz da qual acaba admitindo a possibilidade da inocência de Capitu.
(D) pretendendo que a personalidade de Capitu tenha se desenvolvido de modo a cumprir uma natural inclinação.
(E) se mostra reticente quanto à convicção de que fora traído, sugerindo que continuará ponderando os fatos.


5. (PUC-PR) Com base na leitura de Dom Casmurro, e considerando a importância de Machado de Assis para a literatura brasileira, identifique as alternativas como VERDADEIRAS ou FALSAS:

( ) Escrito quando o Realismo era a estética dominante, Dom Casmurro é antes um “romance filosófico” que um “romance social”.
( ) Ao contrário de diversas heroínas românticas, punidas com a morte por comportamentos inadequados para os padrões de sua época, a principal personagem feminina de Dom Casmurro não morre no final da narrativa.
( ) Ainda que acreditasse não ser pai de Ezequiel, Bento Santiago não deixou que isso interferisse na relação pai-filho, e sempre quis ter o rapaz muito perto de si.
( ) Assim como em Esaú e Jacó, a presença do Imperador e as referências à vida política brasileira são constantes em Dom Casmurro e interferem nos acontecimentos narrados.

A seqüência correta é:

(A) V, F, F, F
(B) F, F, F, V
(C) F, V, F, V
(D) V, V, V, F
(E) F, V, F, F

6. (UFPR) A propósito de Dom Casmurro, de Machado de Assis, é correto afirmar:

(A) A narrativa de Bento Santiago é comparável a uma acusação: aproveitando sua formação jurídica, o narrador pretende configurar a culpa de Capitu.
(B) O artifício narrativo usado é a forma de diário, de modo que o leitor receba as informações do narrador à medida que elas acontecem, mantendo-se assim a tensão.
(C) Elegendo a temática do adultério, o autor resgata o romantismo de seus primeiros romances, com personagens idealizadas entregues à paixão amorosa.
(D) O espaço geográfico e social representado é situado em uma província do Império, buscando demonstrar que as mazelas sociais não são prerrogativa da Corte.
(E) Bentinho desejava a morte de Escobar (até tentou envenená-lo uma vez), a ponto de se sentir culpado quando o ex-amigo morreu afogado.


7. (FUVEST) Podemos afirmar que na obra D. Casmurro, Machado de Assis:

(A) defende a tese de que o meio determina o homem porque descreve a personagem Capitu desde o início como uma futura adúltera.
(B) defende a tese determinista porque o meio em que Bentinho e Capitu vivem determina a futura tragédia.
(C) não defende a tese determinista, apontando antagonismo entre o meio e a tragédia final.
(D) defende a tese determinista ao demonstrar a influência da educação religiosa na formação de Capitu.
(E) não defende a tese determinista de modo explícito porque não fica clara a relação entre o meio e o fim trágico dos personagens.


8. (Conc. Federal) Machado de Assis, em Dom Casmurro, mostra Capitu como personagem de maior destaque. Bentinho nutria, em relação a ela, sentimentos de

(A) profunda admiração e respeito.
(B) amor desmedido.
(C) verdadeira veneração de ordem espiritual.
(D) ciúme exacerbado, raiando os limites de doença mental.
(E) nenhuma admiração ou respeito.


9. (UFPR) No segundo capítulo de Dom Casmurro, o narrador-personagem expõe as razões que o levaram a escrever suas memórias.
Relacionando esse capítulo com o romance, é correto afirmar que, ao procurar "atar as duas pontas da vida", Bentinho:

(A) obtém um relato lúcido e imparcial a respeito do seu passado, vencendo os preconceitos característicos da classe a que pertencia, uma vez que, tendo sido, ele mesmo, vítima de um universo social baseado na rigorosa autoridade paternal, pôde, ao final da vida, avaliar o preço alto da solidão.
(B) reconhece seu fracasso, apontando as lacunas de "um livro falho" próprio narrador que, apesar de todo o esforço empreendido para incriminar sua mulher, compromete a si mesmo, distorcendo as circunstâncias que o envolvem.
(C) reconcilia-se com o seu passado e consigo mesmo, mostrando-se arrependido por ter sido injusto e extremamente cruel, nos seus julgamentos e atitudes, em relação às pessoas que mais amara: não apenas diante de Capitu e Escobar, mas, principalmente, em relação a Ezequiel.
(D) convence o leitor de que Capitu foi de fato infiel. Os argumentos apresentados pelo narrador são suficientes para fundamentar as vagas impressões de um homem que, apesar de apegado aos valores tradicionais da família patriarcal brasileira do final do século XIX, compreende a independência de espírito de sua mulher.
(E) não consegue convencer o leitor de que Capitu é infiel. Os argumentos apresentados pelo narrador não são suficientes para fundamentar as vagas impressões de um homem que, apesar de apegado aos valores tradicionais da família patriarcal brasileira do final do século XIX, compreende a independência de espírito de sua mulher.


10. (PUC-Rio) A EXPOSIÇÃO RETROSPECTIVA

Já sabes que a minha alma, por mais lacerada que tenha sido, não ficou aí para um canto como uma flor lívida e solitária. Não lhe dei essa cor ou descor. Vivi o melhor que pude sem me faltarem amigas que me consolassem da primeira. Caprichos de pouca dura, é verdade. Elas é que me deixavam como pessoas que assistem a uma exposição retrospectiva, e, ou se fartam de vê-la, ou a luz da sala esmorece. Uma só dessas visitas tinha carro à porta e cocheiro de libré. As outras iam modestamente, calcante pede, e, se chovia, eu é que ia buscar um carro de praça, e as metia dentro, com grandes despedidas, e maiores recomendações.(...)

E BEM, E O RESTO?

Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada. Mas não é propriamente o resto do livro. O resto é saber se a Capitu da praia da Glória já estava dentro da de Matacavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de Sirach, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu cap. IX, ver. 1: “Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti.” Mas eu creio que não. E tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca. E bem, qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e é a suma das sumas, ou o resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me... A terra lhes seja leve! (...)

O trecho em questão pertence à antológica obra de Machado de Assis:

(A) Memórias póstumas de Brás Cubas
(B) Dom Casmurro
(C) Memorial de Aires
(D) Quincas Borba
(E) Senhora


11. (UEL/PR)
O texto abaixo é o último capítulo do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis.

    Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada. Mas não é esse propriamente o resto do livro. O resto é saber se a Capitu da praia da Glória já estava dentro da de Matacavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de Sirach, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu cap. IX, vers. 1: "Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti". Mas eu creio que não, e tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca.
    E bem, qualquer que seja a solução, uma coisa fica, e é a suma das sumas, ou resto dos restos, a saber, que a minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos ambos e tão queridos também, quis o destino que acabassem juntando-se e enganando-me... A Terra lhes seja leve! Vamos à História dos subúrbios. Pela leitura do texto, é correto afirmar que, depois de contar a história da sua vida e do seu amor por Capitu, Bentinho, o narrador:

(A) Conclui que Capitu não o traiu.
(B) Buscando conforto na Bíblia, chega à conclusão de que, apesar de Capitu o ter traído, ele deveria perdoar-lhe e não sentir ciúmes dela.
(C) Não tem certeza de que Capitu o traiu, embora acredite que ela tenha se transformado muito desde a adolescência, aparecendo quando adulta como uma cigana traiçoeira e dissimulada.
(D) Chega à conclusão de que Capitu já possuía, quando menina, os traços psicológicos que a caracterizariam na fase adulta.
(E) Constata que Capitu e seu amigo José Dias mantinham um romance desde a adolescência.

Gabarito:

1 – C; 2-D; 3-A; 4- D; 5-A; 6-A; 7-E; 8-D; 9-B; 10-B. 11-D

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

POESIA CONCRETA




    O Concretismo foi lançado na I Exposição Nacional de Arte concreta, que se realizou em São Paulo (1956) e no Rio de Janeiro (1957).
   A poesia concreta é aquela que valoriza mais a linguagem visual do que a linguagem verbal. Os versos e estrofes, características tão marcante no poema, deixam de ser fundamentais; o espaço passa a ser explorado e a forma como as palavras e as letras são colocadas no papel faz com que surja um novo significado. Este movimento surgiu, oficialmente,  em 1956,  com a Exposição de Arte Concreta, realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo.. Os principais poetas que deram início a este novo estilo foram Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pìgnatari. Veja o poema abaixo:
poesia concreta



    A poesia concreta sugere a eliminação do verso tradicional  como elemento fundamental do poema, para dar maior realce aos aspectos verbais, sonoros e visuais da palavra. Em vez de apresentar as palavras em sequência, como nos versos tradicionais, propõe sua distribuição no papel de modo criativo e não linear, explorando, assim, a camada material do significante, isto é, o som, a forma, o tamanho da palavra, a disposição geométrica dos vocábulos na página; surge o poema-objeto.

CARACTERÍSTICAS

a.  Rejeita o verso e a sintaxe tradicionais,
b.  Aboliu a linearidade, o texto discursivo,
c.  As letras e palavras distribuem-se em todo o espaço da folha, criando novas sugestões.

    O concretismo é um marco revolucionário na poesia brasileira da segunda metade do século XX. Contestando-o parcialmente, mas seguindo as trilhas abertas no sentido da libertação das formas, seguiram-se três movimentos: o Neoconcretismo, a Poesia-Práxis e o Poema Processo.

A) Neoconcretismo: 
    Foi um movimento artístico surgido no Rio de Janeiro, em fins de 1950, como reação ao concretismo ortodoxo. Os neoconcretistas procuravam novos caminhos dizendo que a arte não é um mero objeto: tem sensibilidade, expressividade, subjetividade, indo muito além do mero geometrismo puro

B) Poesia-Práxis:

    Surge de uma dissidência  no grupo concretista, em fins dos anos 50, mas só em 1961 lançaria seu Manifesto Didático, assinado por Mário Chamie.
    O texto-práxis valoriza a palavra dentro de um contexto extralinguístico, caracterizado pela "periodicidade e repeitção das palavras, cujo sentido e direção  mudam", conforme sua posi~ção no texto. Para o poeta " a palavra é uma célula viva do discurso".
    Os poetas Yone Giannetti Fonseca, Armando Freitas e Antônio Carlos Cabral filiaram-se ao grupo práxis.

C) Poema Processo:

    É representativo de uma vanguarda lançada em 1968. Caracteriza-se mais como uma arte gráfica do que literária: a palavra dá lugar a símbolos gráficos.a preocupação com a sugestão poética cede espaço a uma aproximação com os recursos empregados na comunicação de massa.

Waldemir Dias Pinto é precursor do conceito de versão que mais tarde seria desenvolvido pelo Poema-Processo.




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