terça-feira, 15 de outubro de 2019

PARNASIANISMO, EXERCICIOS COM GABARITO

O Parnasianismo é a expressão poética do Realismo.


1. (FUVEST SP) – Leia com atenção:

Fulge de luz banhado, esplêndido e suntuoso,
O palácio imperial se pórfiro luzente
E mármor da Lacônia. O teto caprichoso
Mostra, em prata incrustado, o nácar do Oriente.

O texto acima é a primeira estrofe do soneto “A Sesta de Nero”, de Olavo Bilac.

a) A que “escola literária” ou estilo de época pertence  autor? Justifique a resposta com elementos de texto.
b) Cite outro poema do autor.

2. (FUND. UNIV. RIOGRANDE) – Marque a alternativa correta.
a) O Parnasianismo caracterizou-se, no Brasil, pela busca da perfeição formal na poesia.
b) O Parnasianismo determinou o surgimento de obras de tom marcadamente coloquial.
c) O Parnasianismo, por seus poetas, preconizava o uso do verso livre.
d) O Parnasianismo brasileiro deu ênfase ao experimentalismo formal.
e) O Parnasianismo foi o responsável pela afirmação de uma poesia de caráter sugestivo e musical.

3. (CEFET-PR)

E sobre mim, silenciosa e triste,
A Via-Láctea se desenrola
Como um jarro de lágrimas ardentes
(Olavo Bilac)

Sobre o fragmento poético não é correto afirmar:

a)  A “Via-Láctea” sofre um processo de personificação.
b)  A cena é descrita de modo objetivo, sem interferência da subjetividade do eu-poético.
c)  A opção pelos sintagmas “desenrola” e “jarro de lágrimas ardente” visa a presentificar o movimento dos astros.
d)   Há predomínio da linguagem figurada e descritiva.
e)  A visão de mundo melancólica do emissor da mensagem se projeta sobre o objeto poetizado.

4. (PUCCAMP)

 O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;
Sangram, em laivos de ouro, as minas, que a ambição
Na torturada entranha abriu da terra nobre;
E cada cicatriz brilha como um brasão.
O ângelo plange ao longe em doloroso dobre.
O último ouro do sol morre na cerração.
E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,
O crepúsculo cai como uma extrema-unção.

Podemos reconhecer nas estrofes acima, de Olavo Bilac, as seguintes características do estilo de época que marcou sua poesia:

a) Interesse pela descrição pormenorizada da paisagem, numa linguagem que procura impressionar os sentidos.
b) Uso do vocabulário próprio para acentuar o mistério, a realidade oculta das coisas, que deve ser sugerida por meio de símbolos.
c)   Valorização do passado histórico, em busca da definição da nacionalidade brasileira.
d) Utilização exagerada de hipérboles, perífrases e antíteses, no desejo de não nomear diretamente as coisas, mas de fazer alusão a elas.
e) Busca de imagens naturais e vocabulário simples, predileção pelo verso branco e negação de inversões sintáticas.

5. (Unesp- SP)
Os parnasianos brasileiros se distinguem dos românticos pela atenuação da subjetividade e do sentimenta­lismo, pela ausência quase completa de interesse político no contexto da obra e pelo cuidado da escrita, aspirando a uma expressão de tipo plástico. 
(Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira, 2010. Adaptado.) 

A referida “atenuação da subjetividade e do sentimentalismo” está bem exemplificada na seguinte estrofe do poeta parnasiano Alberto de Oliveira (1859-1937):
a) Quando em meu peito rebentar-se a fibra, Que o espírito enlaça à dor vivente, Não derramem por mim nem uma lágrima Em pálpebra demente.
b) Erguido em negro mármor luzidio, Portas fechadas, num mistério enorme, Numa terra de reis, mudo e sombrio, Sono de lendas um palácio dorme.
c) Eu vi-a e minha alma antes de vê-la Sonhara-a linda como agora a vi; Nos puros olhos e na face bela, Dos meus sonhos a virgem conheci.
d) Longe da pátria, sob um céu diverso Onde o sol como aqui tanto não arde, Chorei saudades do meu lar querido – Ave sem ninho que suspira à tarde. –
e) Eu morro qual nas mãos da cozinheira O marreco piando na agonia... Como o cisne de outrora... que gemendo Entre os hinos de amor se enternecia.




GABARITO

1. a) Olavo Bilac pertence ao Parnasianismo, o que se pode identificar pela referência à cultura grega, conforme se depreende do trecho "e mármor da Lacônia", uma região da Grécia.
b) , A um poeta, Profissão de fé, A pátria, Última flor do Lácio, O caçador de esmeralda etc.
2. a) O Parnasianismo caracterizou-se, no Brasil, pela busca da perfeição formal na poesia.
3 .b)  A cena é descrita de modo objetivo, sem interferência da subjetividade do eu-poético.
4.b) Uso do vocabulário próprio para acentuar o mistério, a realidade oculta das coisas, que deve ser sugerida por meio de símbolos.
5.b) Erguido em negro mármor luzidio, Portas fechadas, num mistério enorme, Numa terra de reis, mudo e sombrio, Sono de lendas um palácio dorme.

CONTO DE NATAL, RUBEM BRAGA


Conto de Natal

Sem dizer uma palavra, o homem deixou a estrada andou alguns metros no pasto e se deteve um instante diante da cerca de arame farpado. A mulher seguiu-o sem compreender, puxando pela mão o menino de seis anos.

— Que é?

O homem apontou uma árvore do outro lado da cerca. Curvou-se, afastou dois fios de arame e passou. O menino preferiu passar deitado, mas uma ponta de arame o segurou pela camisa. O pai agachou-se zangado:

— Porcaria…

Tirou o espinho de arame da camisinha de algodão e o moleque escorregou para o outro lado. Agora era preciso passar a mulher. O homem olhou-a um momento do outro lado da cerca e procurou depois com os olhos um lugar em que houvesse um arame arrebentado ou dois fios mais afastados.

— Péra aí…

Andou para um lado e outro e afinal chamou a mulher. Ela foi devagar, o suor correndo pela cara mulata, os passos lerdos sob a enorme barriga de 8 ou 9 meses.

— Vamos ver aqui…

Com esforço ele afrouxou o arame do meio e puxou-o para cima.

Com o dedo grande do pé fez descer bastante o de baixo.

Ela curvou-se e fez um esforço para erguer a perna direita e passá-la para o outro lado da cerca. Mas caiu sentada num torrão de cupim!

— Mulher!

Passando os braços para o outro lado da cerca o homem ajudou-a a levantar-se. Depois passou a mão pela testa e pelo cabelo empapado de suor.

— Péra aí…

Arranjou afinal um lugar melhor, e a mulher passou de quatro, com dificuldade. Caminharam até a árvore, a única que havia no pasto, e sentaram-se no chão, à sombra, calados.

O sol ardia sobre o pasto maltratado e secava os lameirões da estrada torta. O calor abafava, e não havia nem um sopro de brisa para mexer uma folha.

De tardinha seguiram caminho, e ele calculou que deviam faltar umas duas léguas e meia para a fazenda da Boa Vista quando ela disse que não agüentava mais andar. E pensou em voltar até o sítio de «seu» Anacleto.

— Não…

Ficaram parados os três, sem saber o que fazer, quando começaram a cair uns pingos grossos de chuva. O menino choramingava.

— Eh, mulher…

Ela não podia andar e passava a mão pela barriga enorme. Ouviram então o guincho de um carro de bois.

— Oh, graças a Deus…

Às 7 horas da noite, chegaram com os trapos encharcados de chuva a uma fazendinha. O temporal pegou-os na estrada e entre os trovões e relâmpagos a mulher dava gritos de dor.

— Vai ser hoje, Faustino, Deus me acuda, vai ser hoje.

O carreiro morava numa casinha de sapé, do outro lado da várzea. A casa do fazendeiro estava fechada, pois o capitão tinha ido para a cidade há dois dias.

— Eu acho que o jeito…

O carreiro apontou a estrebaria. A pequena família se arranjou lá de qualquer jeito junto de uma vaca e um burro.

No dia seguinte de manhã o carreiro voltou. Disse que tinha ido pedir uma ajuda de noite na casa de “siá” Tomásia, mas “siá” Tomásia tinha ido à festa na Fazenda de Santo Antônio. E ele não tinha nem querosene para uma lamparina, mesmo se tivesse não sabia ajudar nada. Trazia quatro broas velhas e uma lata com café.

Faustino agradeceu a boa-vontade. O menino tinha nascido. O carreiro deu uma espiada, mas não se via nem a cara do bichinho que estava embrulhado nuns trapos sobre um monte de capim cortado, ao lado da mãe adormecida.

— Eu de lá ouvi os gritos. Ô Natal desgraçado!

— Natal?

Com a pergunta de Faustino a mulher acordou.

— Olhe, mulher, hoje é dia de Natal. Eu nem me lembrava…

Ela fez um sinal com a cabeça: sabia. Faustino de repente riu. Há muitos dias não ria, desde que tivera a questão com o Coronel Desidério que acabara mandando embora ele e mais dois colonos. Riu muito, mostrando os dentes pretos de fumo:

— Eh, mulher, então “vâmo” botar o nome de Jesus Cristo!

A mulher não achou graça. Fez uma careta e penosamente voltou a cabeça para um lado, cerrando os olhos. O menino de seis anos tentava comer a broa dura e estava mexendo no embrulho de trapos:

— Eh, pai, vem vê…

— Uai! Péra aí…

O menino Jesus Cristo estava morto.



Conto de Natal, Rubem Braga, em: Nós e o Natal. Rio de Janeiro: Artes Gráficas Gomes de Souza, 1964



1) O registro da fala das personagens é predominantemente feito por meio do discurso direto. Observe todas as situações em que foi empregado esse discurso.

a) Até o nascimento do bebê quem predominante fala? 

b) Como se caracterizam as falas das personagens do conto?

c) No texto é mencionado uma fato que talvez possa explicar a “secura” das personagens. Qual é esse fato?

d) Na sequência de cada fala, há reprodução de resposta do interlocutor? O que isso sugere quanto ao relacionamento entre as personagens e a situação em que estão vivendo?
2) O texto mantém relações intertextuais explícitas com um episódio de outra história, muito conhecida na cultura ocidental.
a) Qual é essa história?
b) Que elementos do texto estabelecem relações intertextuais com essa outra história?
c) Assim como Cristo, o bebê morre prematuramente. Apesar disso, a morte dos dois é diferente. Como você interpreta assa diferença?


GABARITO
a) O pai
b) A maioria delas se constitui de falas breves, quase monossilábicas.
c) A demissão sofrida alguns dias antes do Faustino, que era colono na fazenda do coronel Desidério
d) Não. Sugere que quase não há comunicação ou interação entre elas pela linguagem.
2) O texto mantém relações intertextuais explícitas com um episódio de outra história, muito conhecida na cultura ocidental.
a) A história de Jesus
b)Um casal de pessoas simples segue pela estrada e a mulher dá à luz uma criança; o nascimento ocorre num lugar simples, num estábulo e entre animais.
c) RP

 

A palavra QUE - exercícios

As classificações da palavra que. Exercícios com gabarito.

1) Classifique a palavra que

a) Quê! Ela fez isso?
b) Que escola frequentas?
c) Que bom vê-la novamente, Deborah!
d) Sinto um quê de insatisfação.
e) Elisa tem um quê da mãe.
f) Que de boatos!
g) Quase que caí da escada.
h) São os homens que maltratam os animais.
i) Fui ao supermercado primeiro que tudo.
j) Que que é isso, rapaz?
k) Que aconteceu?
l) Ela me disse não sei o quê.

 



GABARITO

a) Interjeição - exprime sentimento; sempre acentuada.
b) pronome adjetivo interrogativo - acompanha o substantivo
c) advérbio de intensidade - modifica adjetivo bom
d) substantivo - geralmente precedido de artigo e sempre acentuado
e) substantivo - geralmente precedido de artigo e sempre acentuado.
f) pronome adjetivo indefinido = quantos boatos.
g) palavra expletiva   ou de  realce - pode ser retirada da oração sem prejuízo do sentido.
h) locução expletiva   ou de  realce - pode ser retirada da oração sem prejuízo do sentido e forma com o verbo ser a locução.
i) preposição - pode substituir-se por de
j) palavra expletiva   ou de  realce - pode ser retirada da oração sem prejuízo do sentido.
k) pronome substantivo interrogativo - substitui um substantivo
l)pronome substantivo indefinido - substitui um substantivo